domingo, 14 de setembro de 2014

Reforma Politica é com participação - Um relato sobre o Plebiscito Popular

Na primeira semana de setembro de 2014, pela força da coalizão de diversas organizações, igrejas e movimentos sociais no pais, foi organizado o Plebiscito Popular por uma Constituinte Exclusiva e Soberana do Sistema Política. A Rede FALE participou de todo esse processo. Segue o relato de um falante de Uberaba, o Renan Porto.

----
         
Renan Porto votando no Plebiscito Popular
        Dentre as diversas pautas que borbulharam nas manifestações de junho de 2013 nas ruas do Brasil, o clamor pela reforma política foi muito presente. Mas, para além deste clamor explícito, as manifestações em si eram uma demonstração da necessidade de mudança do sistema político. A multidão que tomava as ruas era uma forte expressão de que os aparelhos representativos do Estado já não estão funcionando, e um sintoma claro disso é como o mesmo responde ao povo nas ruas com violência e repressão.
De lá até aqui surgiram diversas iniciativas e práticas de coletivos, redes, movimentos sociais, que mostraram outra forma mais bonita de se fazer política, com mais cara de povo e jeito de rua. Umas dessas iniciativas foi o Plebiscito Popular por uma Constituinte Exclusiva e Soberana do Sistema Político, que conseguiu unir mais de 450 entidades na luta pela reforma política, criando mais de 1700 comitês locais espalhados por todos os estados brasileiros, fazendo fortes mobilizações e finalmente sendo realizado na semana da pátria, nos dias 1 a 7 de setembro.
Este Plebiscito foi uma consulta popular feita à população perguntando se ela era a favor ou não de uma constituinte exclusiva e soberana para fazer a reforma política. As votações se deram nas urnas que foram organizadas pelos comitês locais e também pela internet. Agora a campanha está na fase de apuração das urnas, mas, já foi informado que pela internet mais de 1,7 milhão de pessoas votaram, sendo 97% dos votos favoráveis.
A experiência de ter participado dessa campanha foi muito rica. Ajudei a formar o comitê local em Uberaba-MG e também dei uma força na formação do comitê de Jequié-BA. Pude conhecer gente de diversos movimentos sociais e outras organizações através de encontros nacionais e locais. Foi uma ótima oportunidade de ir para as ruas dialogar com a população sobre a política e ver claramente a insatisfação do povo com os nossos representantes e o desejo pela reforma política.
Pude perceber a forte participação dos católicos na construção do Plebiscito, como a da Dona Ilma em Uberaba, que tive o enorme prazer de conhecer; mesmo já idosa, ela estava sempre presente nos encontros e era super participativa. Ela era uma bonita demonstração de uma espiritualidade cristã engajada na luta por justiça e pela transformação da sociedade.
Mas, a luta pela reforma política não termina com o Plebiscito. E existem organizações evangélicas comprometidas com essa luta, como a Rede Fale. Como cristãos comprometidos com a justiça, precisamos mobilizar nossas comunidades para se envolver na luta por um sistema político mais justo, que represente mais os interesses do povo e, mais que isso, que permita a participação popular no governo de suas cidades e suas vidas. Só assim poderemos realmente combater as injustiças que são causadas quando uns poucos usam da coisa pública para os seus interesses próprios.
Deixo a reflexão do texto bíblico do profeta Isaías e que ele nos sirva de inspiração:

“Porventura não é este o jejum que escolhi, que soltes as ligaduras da impiedade, que desfaças as ataduras do jugo e que deixes livres os oprimidos, e despedaces todo o jugo? Porventura não é também que repartas o teu pão com o faminto, e recolhas em casa os pobres abandonados; e, quando vires o nu, o cubras, e não te escondas da tua carne? Então romperá a tua luz como a alva, e a tua cura apressadamente brotará, e a tua justiça irá adiante de ti, e a glória do Senhor será a tua retaguarda. Então clamarás, e o Senhor te responderá; gritarás, e ele dirá: Eis-me aqui. Se tirares do meio de ti o jugo, o estender do dedo, e o falar iniquamente;”

Nenhum comentário: